Na semana passada falamos sobre a recente biografia de Leni Riefenstahl. Como foi dito, durante o processo de desnazificação, ela foi classificada apenas como “seguidora”.

    Sabe-se que, no pós-Guerra, a cineasta foi boicotada em seus projetos por conta do seu passado nazista. Ela apenas conseguiu lançar o filme iniciado em 1940, “Tiefland”. Porém, seu insucesso cinematográfico foi acompanhado da ressurreição artística em uma outra área: a fotografia.

    Aqui entra o paradoxo. Ela se encantou pelas fotos de George Rodger retratando lutadores da tribo Nuba, do Sudão. A beleza e a harmonia daqueles corpos musculosos teriam fascinado sua percepção estética.

Em 1962, Leni viaja para aquele país, onde começa o trabalho de fotógrafa. A partir de 1964, suas fotos são publicadas em diversas revistas. Elas se tornam um sucesso. Sobre esse povo, lançará dois livros de fotografia, um em 1973 e outro em 1976.

Ela se torna tão aclamada como fotógrafa que começa a trabalhar para diversas revistas.

Ao longo dos anos ela fez diversas viagens ao Sudão, aprendeu a língua da tribo Nuba, pesquisou sobre a área durante a guerra civil no ano 2000.

Diante disso tudo, há de se questionar por que suas atividades como cineasta foram boicotadas mas suas fotografias não. Como ela teve tanta abertura midiática para suas obras? Como alguém que (ao contrário de Heidegger) era próxima do alto escalão nazista, com seus racistas defensores do arianismo, pôde se aproximar de tribos africanas?

Leni não era filiada ao partido nazista. Talvez isso tenha ajudado na visão amena de “seguidora”. Ela insistiu ao longo da vida na sua ingenuidade política durante o regime, embora durante a guerra ela tenha testemunhado o massacre de judeus poloneses, e ainda tenha usado figurantes oriundos de campos de concentração.

Em 2002 foi expedida uma ordem judicial segundo a qual Leni estaria proibida de afirmar que não havia acontecido nada aos ciganos usados na filmagem de Tiefland. A ação foi ganha por uma sobrevivente que foi obrigada a participar do filme.

Leni morreu em 2003, como uma outrora cineasta de talento, mas também como uma fotógrafa renomada na atualidade.
De @sergiano.silva

Post a Comment