Você certamente já viu alguma imagem cinematográfica dirigida por esta mulher. Leni Riefenstahl dirigiu filmes ainda hoje esteticamente elogiados.

Ela era nazista.

Recentemente a cineasta Nina Gladitz lançou uma biografia sobre a diretora amiga de Hitler.

Intitulado “Leni Riefenstahl: Karriere einer Täterin”, o livro se propõe fazer novas interpretações sobre a vida da antiga atriz de filmes de alpinismo.

Depois de contracenar em alguns filmes, ela começou a se aventurar como roteirista e diretora, junto com o hoje famoso teórico do cinema e judeu Béla Balázs, no filme “A luz azul” (1932).

No mesmo ano ela toma contato com os comícios nazistas, tendo então se encontrado com Hitler posteriormente.

Em 1933 ela lança o primeiro filme do que seria considerado a trilogia do partido nazista: “A vitória da fé”, documentando o congresso do NSDAP (Partido Nazista) em Nuremberg. Os outros dois seriam “O triunfo da vontade” (1935) e “Dia da liberdade – nossas Forças Armadas” (1935).

Gladitz quer demonstrar, em seu livro, que Leni estava inteiramente comprometida com o sistema do partido, incluindo o apoio à “Solução Final”.

É interessante que Nina chegou a ter um encontro com Leni em 1984. Na ocasião, ela questionou sobre o fato de que, durante as gravações do filme “Tiefland”, em 1940 e em plena guerra, a diretora nazi tivesse usado figurantes oriundos da minoria sinti e roma (grupos ciganos), quase todos posteriormente mortos nos campos de concentração.

Leni negou tais afirmações. Ao longo de sua vida ela também não quis saber nada sobre o que foi Auschwitz.

Por iniciativa de Hitler, em 1939 Riefenstahl contou com uma equipe própria, a Tropa Especial de Cinema, para filmar os campos de guerra da Frente Oriental.

Ao fim da Segunda Guerra, ela foi considerada apenas como “seguidora” do regime, uma das várias classificações legais aplicadas durante o momento de desnazificação.

A biografia de Nina é um bom ponto de partida para conhecer a carreira de uma autora da realidade - aqui no sentido do subtítulo do livro, “Täterin”, ou seja, de aquela que comete um crime - e uma autora da arte, misturadas para a perpetração do horror.
@sergiano.silva

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