O melhor amigo do homem pode ser, também, um inimigo. O uso de cães em batalhas é conhecido desde a antiguidade. O caráter protetor desses animais, domesticados há mais de 50 mil anos, logo chamou atenção de guerreiros antigos.


    Mas foi na conquista da América que o cão foi usado sistematicamente como arma de guerra, não só pelo fator psicológico de amedrontar ou pela incrível capacidade de rastrear, mas também pela ferocidade de um animal que pode chegar aos 100 kg.

    O próprio Cristóvão Colombo usou mastins espanhóis contra nativos aruaques do Novo Mundo. Ele logo percebeu a eficácia dos bichos contra os indígenas. Daí, então, praticamente todos os conquistadores usaram cães nas suas campanhas.

Becerillo ("pequeno touro") foi o mais famoso dos cães de guerra espanhóis, pertencente ao conquistador de Porto Rico, Ponce de León. O cronista Bartolomeu de las Casas afirma que os nativos temiam mais dez espanhóis com Becerrilo, que cem soldados sem ele.

Conta-se que uma noite Becerillo alertou os espanhóis para uma emboscada de indígenas. Durante a curta batalha, o cão de guerra teria matado nada menos que 33 guerreiros nativos, quebrando ossos com sua mandíbula poderosa e despedaçando corpos pelo caminho.

Em outro episódio, os espanhóis se divertiam com prisioneiros nativos em Porto Rico. O conquistador Guilarte de Salazar teria dado uma carta a uma senhora indígena e mandado que a levasse a outro lugar. No meio do caminho, ele soltou Becerrillo e ordenou que o cão a aniquilasse, por puro sadismo. Becerillo, então, se aproximou da senhora, que, de joelhos, implorou por sua vida. O cão apenas a urinou e a deixou.

Becerillo morreu em 1514. Um dos seus tutores foi capturado por nativos e levado numa canoa. Ao nadar para resgatar o espanhol, o cão foi atingido por flechas e nem couraça que carregava o protegeu.

Animais como Becerillo foram máquinas de matar, mas a eles cabe a culpa?

Texto de @canuto_lion

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