"Belle Époque" é um termo francês para traduzir a euforia europeia com as novidades decorrentes da revolução científico-tecnológica do século XIX. No começo do século XX, o colonialismo cultural voltou os olhos para a França, nesse momento, a "capital do mundo". Todos e todas queriam ir a Paris.

Em Fortaleza não foi diferente, a capital do Ceará vestiu seu traje francês nos quadriláteros do centro da cidade. Um passeio público em 3 andares, vários cafés na praça principal, intelectuais boêmios.

Nesse contexto, temos a emblemática figura de Bembém, com uma história pândega do Garapeiro surpreso que todos falassem francês em Paris. Que nos joga na cara toda nossa colonialidade.

"Bembém foi e voltou radiante... "Aquilo que é cidade!" dizia entusiasmado - no hotel onde me hospedei fui obrigado a escrever meu nome. Como a língua era outra, escrevi: "Bien- Bien" e, mais embaixo, "Garapière". E completava: "Olhe, lá eu só andava com homem chamado Cicerone, que sabia português como eu. Terra radiante aquela: todo mundo falando francês, até mesmo os carregadores chapeados, as mulheres do povo e as crianças!". Bembém não se cansava de falar da França e completava declarando que lá a única palavra que ouvira em português fora "mercibocu"... A conselho de um intelectual "perverso", mandara imprimir um cartão para distribuir com amigos e fregueses: BIEN-BIEN - GARAPIÈRE - Fortaleza Ceará."

Bembém, nos dá um panorama da Fortaleza do começo do século XX. A importância da modelo francês perpassou muitas instâncias da vida citadina da pequena Fortaleza, e essa Belle Époque se restringiu ao centro da cidade e à burguesia. Bembém, famoso pelo caldo de cana que servia no centro, fez grande clientela e conseguiu ir a Paris. O relato é jocoso e bem emblemático dos significados que tinham (ou têm) chegar ao velho mundo.

Por: @katia.adriano.9

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